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28 Jun

TERÇA DA TO - O processo de revisão de vida em grupo como recurso terapêutico para idosos em Terapia Ocupacional


Publicado em: 28 JUN 2022 às 11:11

Tendo em vista suas trajetórias de vida, os idosos possuem maior acúmulo de experiências e, portanto, sua biografia deve ser um aspecto valorizado na atenção em saúde (LEME, 1996).

O trabalho terapêutico que envolve o resgate de história de vida pode desempenhar funções psicológicas, sociais e culturais para os idosos das quais destacam-se: transmissão da herança cultural, melhoria da autoestima, cumprimento de papéis sociais, integração e reconhecimento social; alívio de sentimentos negativos; estabelecimento de uma perspectiva de futuro e de um ponto de vista sobre finitude, possibilidade de melhoria no autoconhecimento e na auto avaliação (RUTH Y KENION1 , 1991 apud LEÃO, 2004).

O acúmulo de experiências vivenciadas ao longo do tempo e a evocação de memórias a elas relacionadas constituem-se referências para definição, recomposição e ressignificação da identidade (VALE, 2003).

Recordar a própria vida pode fortalecer ou recuperar a autoconfiança, além de possibilitar modificações nas relações entre as pessoas (THOMPSON, 1992).
Buscando favorecer estes aspectos e a fim de sistematizar o resgate da história de vida dos idoso, é proposto o processo de “revisão de vida”. Como “revisão de vida” entende-se: “lembrança intencional, estruturada em torno de eventos de transição e aplicada à avaliação de si mesmo e da própria existência, possibilitando resolver problemas antigos, dando novos significados à sua vida” (WEBSTER; HAIGHT2, 1995 apud LEÃO, 2004, p.25).

Segundo Brandão (1999a) o trabalho com a “revisão de vida”, permite que a trajetória do indivíduo seja revivida porém atualizada e moldada pelo que se é e pelo que faz sentido para a pessoa no presente.

O processo de “revisão de vida” pode ser visto como um mecanismo para a integridade do ego, favorecendo o balanço da relação entre perdas e ganhos na velhice (LEÃO, 2004). Através deste processo é possível atribuir significados para a vida e identificar habilidades para o enfrentamento de doenças e da morte (VAUGHAN; KINNIER3, 1996 apud LEÃO, 2004).

Neste sentido, o trabalho com a “revisão de vida” é um valioso recurso que auxilia o idoso a reafirmar sua identidade, muitas vezes fragilizada pelas mudanças decorrentes desta fase de vida, que comumente implica em perdas (Brandão, 1999b).

Este processo permite ainda a elaboração das questões do envelhecimento e reflexão acerca de projetos futuros, a partir do que a pessoa compreende como significativo no momento e de sua perspectiva em relação à própria experiência de vida (BRANDÃO, 1999a).

Para Sathler e Py (1994), o desafio para aqueles que trabalham com idosos é, através dessa ressignificação, auxiliá-los a redescobrir suas possibilidades e restituí-los de sua capacidade de ação. Para a condução do processo de “revisão de vida” com idosos considera-se a atenção grupal como estratégia privilegiada. O grupo pode funcionar como caixa de ressonância, no qual cada singularidade se torna significativa à outra compondo uma rede vincular, o que amplia as possibilidades de intervenção (MAXIMINO, 1995).

Em relação especificamente à atenção aos idosos, a participação em grupos responde a algumas necessidades comumente identificadas nesta população, tais como: o alívio da solidão, o próprio reconhecimento como indivíduo singular, sensação de realização e oportunidade de auto expressão (ALMEIDA et al.4 , 2003).
As atividades realizadas em “grupos de terceira idade” contribuem para a retomada e o exercício de novos papéis, permitindo aos idosos serem ativos e se reorganizarem internamente contribuindo para a promoção de uma vida saudável, independente, ativa e integrada socialmente (LIMA; PASETCHNY, 1998). Benefícios têm sido atribuídos aos grupos de terceira idade tais como: formação de novas relações sociais, troca de experiências, exercício da cidadania e participação social, melhoria da autoimagem, promoção do crescimento pessoal e maior conscientização acerca do processo de envelhecimento (LIMA; PASETCHNY, 1998).

O trabalho em grupos de idosos têm efeitos terapêuticos pois possibilita a melhora nas capacidades de enfrentamento e resolução das problemáticas decorrentes do processo de envelhecimento. A criação de espaços grupais favorece a ressignificação de estereótipos atribuídos aos idosos, como os de impotência e fragilidade (ARANHA, 2003).

De acordo com Araújo et al. (2005), os grupos de terceira idade são espaços de escuta e trocas sociais que possibilitam a utilização de potencialidades, e favorecem o desenvolvimento de redes psicossociais e afetivas que auxiliam no enfrentamento de questões frequentes no envelhecimento. Se configuram também como espaços de solidariedade e relações interpessoais, permitindo o exercício de papéis sociais e contribuindo para o restabelecimento da autoimagem positiva.

Neste sentido, acredita-se que o trabalho em grupos potencializa o processo de “revisão de vida”. Para tanto é possível se utilizar de estímulos disparadores, dentre eles, as atividades expressivas configuram-se como um recurso de acesso à história dos sujeitos e ao compartilhamento das vivências em grupo.

Nos processos terapêutico ocupacionais as atividades são valorizadas por possibilitarem o restabelecimento do equilíbrio emocional, o agenciamento de experiências e a ativação de um novo potencial de vida, além de permitirem mudanças de atitudes, pensamentos e sentimentos (BRUNELLO et al., 2001).

A realização de atividades instaura um campo de experimentação singular e dinâmico que possibilita ao sujeito reunir fragmentos de sua experiência transformando-os em novos elementos. Desse modo as atividades favorecem a construção e o fortalecimento de vínculos grupais, identificação de necessidades e construção de projetos (BRUNELLO et al., 2001).

Com base no exposto o presente artigo se propôs a descrever e analisar uma intervenção grupal em Terapia Ocupacional com idosos, utilizando a técnica da “revisão de vida”.

Fonte:
PEREZ, M. P.; ALMEIDA, M. H. M. O processo de revisão de vida em grupo como recurso terapêutico para idosos em Terapia Ocupacional. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo.

Veja o artigo na integra:
file:///F:/Meus%20Documentos%20(Nunca%20Apagar)/Downloads/14108-Texto%20do%20artigo-17086-1-10-20120518.pdf

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